Quando se discute a importância da prática regular de alguma atividade física, visando uma trajetória menos penosa, principalmente à medida que envelhecemos, há dois pontos que devem ser levados em consideração: a saúde mental e a capacidade de se movimentar sem dificuldade. Ainda que a estética possa ser o chamariz para a maioria daqueles que buscam fazer exercícios físicos em academias, aos poucos há uma conscientização de que algo mais amplo deve ser colocado em prática para se viver melhor.
Para se ter ideia, em 2020, no primeiro ano de pandemia, os diagnósticos de ansiedade e de depressão, aspectos relacionados à saúde mental, aumentaram 25% em todo mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, existe o fato de que a expectativa de vida do brasileiro subiu para 77 anos, de acordo com último boletim a respeito, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no final de 2022.
Assim, a pergunta que não quer calar é: em que condições físicas os brasileiros ultrapassarão a barreira dos 70 anos? Uma coisa é viver mais. Outra é viver mais com um corpo respondendo bem às necessidades básicas, de modo a desfrutar a vida sem bater cartão em farmácias, hospitais e consultórios médicos.
Diante dos fatos, é providencial procurar no cardápio das academias, modalidades que vão de encontro a essas demandas. Afinal, nem só de musculação e de corrida na esteira ou de bike indoor é que se mantém um corpo são. Se a ideia é nocautear o estresse, a depressão e a ansiedade, ioga, pilates fit ou mesmo meditação são alguns exemplos de atividades que podem encher os olhos daqueles que buscam modalidades da chamada “seara corpo e mente”. Algo, aliás, importante também para quem precisa ter mais determinação nos treinos, ainda que o objetivo seja incinerar gordura ou ganhar músculos.
Segundo Carlos Rubiano, professor de meditação da academia Les Cinq Gym (SP), quando se trabalha foco e concentração, os treinos em geral podem ser mais produtivos. “Meditar antes de fazer musculação, por exemplo, com técnicas de 20 minutos ou mesmo um minuto, faz com que os desafios sejam mais fáceis de serem superados, podendo diminuir a fadiga. Além, claro, de elevar os níveis de consciência corporal, algo importante para superar barreiras e ultrapassar limites no trabalho com sobrecarga”, diz ele.
O mesmo se aplica quando se busca perder peso. Ou seja, meditar antes de suar a camisa em uma esteira ou bike, de se alimentar e mesmo durante as refeições, faz com que estejamos mais conscientes do que precisa ser feito para combater o excesso de peso.
No que diz respeito especificamente à saúde mental, a prática de aulas pautadas na conexão entre corpo e mente podem trabalhar a aceitação, algo importante para reduzir o estresse, por exemplo. “Nesse sentido, é igualmente útil focar mais nas sensações do corpo do que nos pensamentos, também como forma de controlar a ansiedade e depressão. Algo bastante praticado em aulas que valorizam o processo de meditação”, acrescenta Rubiano.
Alongamento e mobilidade articular
Ao levarmos a questão da qualidade de vida para o campo do movimento, é possível detectarmos dois erros que provavelmente cometemos ao longo da vida: não preparar, adequadamente, os músculos e tampouco as articulações para os treinos. Mesmo sabendo que isso pode ser feito de maneira simples, através de um bom alongamento e de exercícios específicos, focados na mobilidade articular.
De acordo com Ângela Paiva, professora de aulas coletivas da academia Les Cinq Gym (SP), alongamento é algo que deveria ser feito durante o dia todo e não só na academia, principalmente por aqueles que exercem profissões que compactuam com o sedentarismo, executadas na posição senado a maior parte do tempo”, afirma ela. “Isso acaba levando a posturas erradas e ao aumento da tensão muscular, que provocam dores em pontos estratégicos do corpo como ombros e coluna”.
Outro ponto importante é saber treinar o movimento, visando uma melhor execução dele, seja para melhorar o gestual nas demais atividades da academia ou no dia a dia. Não é, portanto, apenas uma questão de fortalecer a musculatura em atividades com peso, como a musculação, para garantir a saúde do aparelho locomotor.
“A tendência natural é perdermos qualidades físicas importantes como a flexibilidade, fazendo com que os movimentos fiquem cada vez mais limitados. E isso será fatal para a perda da independência no deslocamento e para que as dores articulares sejam cada vez mais frequentes, sem contar o aumento de risco de lesões e de acidentes em tarefas banais”, alerta Ângela.
A lição que se tira de tudo isso é que é possível combater o envelhecimento precoce do corpo desde já, entre outros fantasmas que conspiram contra a qualidade de vida, apostando em atividades físicas que nem sempre passam pelos olhos da estética. E que, com certeza, existem no cardápio de sua academia. Procure por elas.